quarta-feira, setembro 14

As plantas acenavam ao vento
de agosto, nas suas hastes finas
E verdes. E disse-me a mais
Faladora de todas, alta e trigueira:
-Dás-me dez anos da tua vida ?
eu só tinha cinco anos, pus-me a
contar pelos dedos, vi que ia ficar
com muito pouco.
-Dou – disse eu.
E ainda hoje, que nunca mais
soube de mim,vou com o vento,
balouçando. E agosto é todo o ano
para mim.

In Ruy Belo, Todos os Poemas.

Poesia.Encontrei este poema na Xis, este suplemento fantástico que já é presença semanal na minha mesinha de cabeceira.
A poesia é eterna, é de hoje, foi de ontem, e certamente será de amanhã. Gosto das palavras que não se explicam, daquelas que são para todos e não são para ninguém, gosto das palavras que ficam ao sabor do vento para quem as escutar.

3 comentários:

Mary Mary disse...

Gosto deste poema! Muito bonito!
Os actos são como as palavras, exactamente como descreveste... Não se explicam, são para todos e por vezes para ninguém... É um pouco como a vida...
Tudo depende da maneira como se quer viver...

ana ventura disse...

Olá, o teu blog é mto dificil de ler. Em relação ao picoas plaza...fica perto da maternidade alfredo da costa. Amanhã às 19H. Exposição/loja!

MPR disse...

Lindo... de uma paz e melancolia, que nos deixa suspensos como numa suave brisa de verão...
Grande escolha...