Amizade. Ás vezes pergunto-me o que é a amizade, o que é este sentimento que une as pessoas com laços tão fortes.O que é ser amigo, o que é preocupares-te com alguém que não te é nada, que conheces-te numa passagem da tua vida por algures. Num momento em que estavas descuidada e esse alguém entrou na tua vida, para te acompanhar, para te visitar, para te ouvir, para te dizer aquilo que não queres ouvir, que te doi, que te custa, que ninguém poderia ter dito, mas disse. É isto aquele sentimento que não é amor, mas que nos ajuda a suportar a vida porque sabemos que está lá, à distância de um telefonema?
Para mim é.
Ás vezes, pergunto-me se numa outra vida não fomos do mesmo sangue, o que explica este sentimento?Empatia? Simpatia? Curiosidade ? Novidade? Bem estar? É algo que é necessário para conseguirmos andar com esta vida para a frente?Acho que se pensarmos muito não encontramos uma explicação racional. Apenas é daquelas coisas que só conseguimos explicar através do nosso eu irracional, será?
É engraçado descobrir como todas as pessoas são diferentes, há aquelas em que nós partilhamos algo de nós e que tem sempre uma palavra, tem sempre um ponto de fuga depois há as outras, as que escutam, apenas.
As duas são importantes, as duas se complementam, as duas são a distância de um telefonema.
Amigo que te vais casar.
Conheço-te desde o primeiro ano da universidade, desde aquela vez em que entraste pela sala, com o teu belo blusão de ganga forrado a pelo de ovelha e com a tua tão famosa mala ( davas-lhe outro nome…o qual eu agora não me lembro, lembreiiiii-me burnel!) ao ombro. Sentaste-te ao cantinho lá à frente ao pé de nós. Quem é aquele estranho? Que não pára de olhar para nós, dizíamos. Seguiram-se as maquetes, e foi uma delas, que nos juntou, a famosa maquete feita na tua garagem. Aquela que nunca mais acabava, hoje pergunto-me, e sei a resposta, demorou tanto porque todos nós os 5, adorávamos sair das aulas e ir para a tua garagem, e lá ficar até às tantas a colar placas de cortiça. Seguiram-se outros trabalhos, outras maquetes, outras visitas a terrenos, mas ficaram os passeios de jipe, muitos, mas alguns especiais, como aquele em que tive que saltar para fora do jipe porque estava a ver que se ia virar, achava eu, novata naquelas andanças, ou aquele em que fomos os três ao cabo da roca à 1h da manhã em véspera de frequência de geografia, se calhar para nos situarmos melhor no panorama geográfico do pais, claro que a frequência não correu, mas ficou o passeio com um frio de rachar, com o teu saco de cama por cima de nós as duas. Os fins de semana em colares, na ericeira, aquela noite no bar da praia das maçãs, onde todos fizemos perguntas de adolescentes, que nos aproximaram a todos ainda mais, como se aquela mesa fosse o nosso pequeno esconderijo, onde mais ninguém podia ouvir o que ali se revelava. Tantas coisas que se passaram durante este anos em que nasceu esta amizade, tantos momentos partilhados, tantas boas lembranças, tantos amores que te ouvi suspirar, muitos momentos que senti que estavas afastado, nessas alturas fiquei triste, mas na amizade não se cobra, e não há pessoas perfeitas, a começar por mim.Sei que vais ser feliz, porque és uma pessoa inteligente e que sabe o que procura.
A ti, aos meus amigos.